quarta-feira, 29 de junho de 2011

Da fragilidade. Da mortalidade. Do medo.

Pertenço ao que muitos chamam  "Geração Morangos com Açúcar" .. Andava pr'ai no 9º/10º ano quando a série começou. Não é algo que me incomode que me conotem com essa série, o que me incomoda (e muito!) é esta ser rotulada de desprovida de valores e princípios, com jovens ocos e sem cérebro. De facto, sei que há quem o seja, mas não significa que possamos generalizar. Incomoda-me o julgamento que é feito pelas gerações mais velhas que a minha, como se nunca tivessem sido imaturos e até irresponsáveis em algumas situações da vida. Quem nunca o foi ?! Eu já. Sou irresponsável sempre que magoo alguém de quem gosto. Sou irresponsável sempre que não vou a uma aula. Sou imatura sempre que os meus pais me contrariam e eu amuo. Em tantas coisas ... o que não significa que não tenha valores. Longe, mas muito longe disso.
Quando está na berra, mais uma vez a "Geração Morangos com Açúcar" com a morte e as circunstâncias trágicas que envolvem todo o acidente que vitimou o Angélico Vieira, não falta quem aponte o dedo. Eu cá remeto-me ao silêncio, porque não me compete julgar ninguém nem o que quer que seja.
Penso sim na Vida e na sua fugacidade.
Eu que tenho 22 anos, tenho a perfeita consciência de que não sou imortal. Mas também não nego que me assusta toda a dimensão da morte. Assusta-me quando confrontada com notícias de que alguém jovem, não muito mais velho que eu, morre. Assusta-me a ideia de deixar os sonhos e projectos inacabados. Assusta-me hoje ter o mundo na mão e amanhã poder ter uma mão cheia de nada. Assusta-me a seriedade com que muitas vezes eu própria encaro a vida. Assusta-me ter a noção que ninguém sabe (se existir) o que está do lado de lá. Assusta-me a devastação que a morte deixa numa família. Assusta-me a morte, ponto. Ninguém se sente certamente preparado para morrer. Eu não sinto. Tenho tanto para viver e sonhar que fico com um nó na garganta com notícias como a dos últimos dias. Não que conheça rapaz, mas bolas, tão novo .. Ele tal como eu, certamente projectou na cabeça um futuro e sonhos. E puff  ... Num instante, num piscar de olhos passamos a deixar de conjugar os verbos no presente e passamos a conjugá-los no passado. Deixamos de estar fisicamente cá, junto dos nossos pais, irmãos, família, amigos como sempre estivemos.
Saramago dizia, quando um jornalista lhe perguntou se tinha receio de morrer, "não é tanto a morte, é o deixar de estar". Para mim são as duas coisas, a morte e o deixar de estar. Tenho medo.

E depois de toda este desabafo, vou Viver e achar-me Imortal enquanto Estou Cá.
Vou pegar na Vida e continuar a Sonhar ... E se realmente existir alguma coisa do lado de lá, espero encontrar lá quem me faz feliz Aqui.


"E de repente
Um mar sozinho,
Ninguém na margem
Ninguém no caminho 
...
Pode o céu ser tão longe."



[R.I.P]